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segunda-feira, 22 de abril de 2013

22/04/2013 Greve de fome gera confrontos em Guantánamo


Greve de fome gera confrontos em Guantánamo

Prisioneiros estavam a ser transferidos para celas individuais. Responsáveis pela prisão dizem que guardas foram atacados com armas improvisadas.
Há pelo menos 43 presos em greve de fome REUTERS
Os responsáveis pela prisão norte-americana em Guantánamo dizem que alguns detidos envolveram-se em confrontos com guardas no momento em que estavam a ser transferidos para celas individuais, numa tentativa das autoridades para controlarem ou porem fim à greve de fome que começou em Fevereiro.
As autoridades norte-americanas decidiram transferir os prisioneiros para celas individuais "para garantir a sua saúde e a sua segurança", lê-se num comunicado do Comando Sul dos Estados Unidos. Os problemas de saúde a que as autoridades se referem são uma greve de fome que muitos dos detidos iniciaram em Fevereiro.
No mesmo comunicado, os responsáveis pela prisão de Guantánamo dizem que os prisioneiros taparam câmaras de vigilância e janelas, e que foi essa acção que levou à intervenção dos guardas prisionais. "É preciso garantir uma monitorização 24 horas por dia, para manter a ordem e a segurança."
"Para restabelecer a monitorização adequada, os guardas entraram nos espaços de vida comunitária do Campo VI para transferir detidos para celas individuais e remover os obstáculos que tapavam câmaras e janelas. O pessoal médico observou depois cada um dos detidos. A greve de fome em curso requeria uma observação médica", lê-se no comunicado.
Os responsáveis norte-americanos dizem que "alguns detidos resistiram com armas improvisadas e, em resposta, foram disparados quatro tiros com armas não letais. Não houve ferimentos graves entre os guardas e os detidos".
O comunicado termina com a garantia de que "todos os detidos vão continuar a ser tratados de uma forma segura e humana".
De acordo com os dados avançados pelo Pentágono, há 43 prisioneiros em greve de fome em Guantánamo, mas os advogados de alguns deles dizem que o número é mais elevado. No início da semana passada, o capitão Robert Durand disse que 11 dos prisioneiros em greve de fome estão a ser obrigados a ingerir líquidos através de tubos inseridos nos seus narizes, uma prática que alguns advogados de detidos em Guantánamo consideram ser tortura.
Não é a primeira greve de fome organizada em Guantánamo, mas acredita-se que é a mais longa e mais abrangente desde 2002, ano em que a prisão foi aberta para receber pessoas que os Estados Unidos suspeitam de terem participado, de alguma forma, em ataques ou no planeamento de ataques contra a sua segurança.

Mais de metade dos prisioneiros de Guantánamo em greve de fome

“Posso ter de morrer. Espero que não, quero voltar a ver a minha família”, diz Shaker Aamer, há onze anos na prisão da baía de Cuba.
Há 166 homens ainda em Guantánamo BOB STRONG/REUTERS
Podem ser 84 ou 77: são muitos e mais do que se pensava os prisioneiros de Guantánamo em greve de fome. Alguns iniciaram o protesto contra a detenção indefinida e as condições do centro a 6 de Fevereiro.
Segundo disse ao jornal The Miami Herald o tenente-coronel Samuel House, 77 dos 166 prisioneiros que permanecem na prisão norte-americana estão em greve de fome. Destes, 17 estão a ser alimentados à força através de tubos inseridos nos seus narizes, o que alguns dos advogados consideram tortura.
De acordo com responsáveis militares dos Estados Unidos citados pelo diário britânico Guardian são já 84 os grevistas, mais de metade dos prisioneiros. O último balanço oficial dizia que 52 prisioneiros estavam em greve de fome.
Um dos que se recusa a comer é Shaker Aamer, há onze anos na prisão da baía de Cuba e há seis à espera de ser libertado, depois de ter sido declarado que não constituía uma ameaça.
“Agora, tenho nódoas negras em todo o meu corpo. Penso que faço marcas mais facilmente, há 60 dias em greve de fome, com as minhas defesas físicas a quebrarem”, escreve Aamer num texto publicado no Independent.
“A greve de fome de Guantánamo é, no fim de contas, um protesto contra a Grande Mentira de George Orwell”, escreve. “A Grande Mentira aqui é a ideia de que manter 166 prisioneiros em Cuba de alguma forma torna a América mais protegida do extremismo. Numa espécie de filme épico de Hollywood, a América é o bom polícia do mundo, que põe as algemas nos maus. Estes 166 malvados poderiam, aparentemente, derrubar uma nação poderosa caso não estivessem trancados 24 horas.”

Um movimento sem precedentes
Guantánamo foi o centro de detenção escolhido para os suspeitos de terrorismo depois dos atentados do 11 de Setembro, a solução da Administração de George W. Bush para “os piores dos piores”, na expressão de Donald Rumsfeld, então secretário da Defesa. Mas como recorda Aamer, dos quase 800 homens que por ali passaram desde Janeiro de 2002 “613 prisioneiros foram enviados para casa e os EUA consideraram não perigosos 86 dos que ainda estão neste lugar esquecido”; “ao todo, isso são 699 pessoas, mais de 90% do total”.
Esta não é a primeira greve de fome de Guantánamo, mas está a ser levada mais longe por parte dos prisioneiros. No início do mês, alguns já tinham perdido 20 quilos. David Remes, advogado de 15 presos, 13 deles em greve de fome, dizia há duas semanas que este movimento de protesto “não tem precedentes, tanto pela amplitude como pela duração e determinação”.
Os prisioneiros deixaram de comer quando se soube que alguns guardas tinham voltado a desrespeitar o Corão. A 6 de Fevereiro, durante uma busca, os guardas confiscaram objectos dos presos e em algumas celas o Corão foi examinado de uma forma que os presos consideraram ofensiva.
O protesto evoluiu e, para alguns, parece ter-se tornado num caminho sem retorno. Agora, escreve Aamer, “a greve de fome é por eles me terem dito há seis anos que eu podia ser libertado e voltar para a minha mulher e os meus quatro filhos, mas aqui estou eu, ainda em Guantánamo”; “é sobre o homem no meu bloco de celas que está numa cadeira de rodas, ou estaria se eles não a tivessem tirado em protesto pela greve de fome”.
“Posso ter de morrer", escreve Aamer. "Espero que não, quero voltar a ver a minha mulher e a minha família”.

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