Nova manifestação em São Paulo marcada pela violencia
Protesto pacífico acabou com actos de violência de minoria. Tentativa de invasão da prefeitura foi contrariada por manifestantes.
Tentativa de invasão da prefeitura, saque de lojas, actos de destruição, detenção de pelo menos 30 pessoas. É esse o balanço da manifestação da noite de terça-feira em São Paulo – um protesto em que a esmagadora maioria das mais de 50 mil pessoas que saíram à rua se manifestaram de forma pacífica.
Fora do Brasil também se sucedem protestos. Na terça-feira, segundo o jornalO Globo, brasileiros de 25 cidades de quatro continentes, incluindo Lisboa e Porto, participaram em acções de apoio às manifestações no país, o que elevou para 50 o número de cidades estrangeiras com ocorrências nos últimos dias. A maior das manifestações terá sido a que reuniu cerca de um milhar de pessoas em Londres.
Em São Paulo, os relatos indicam que os manifestantes tentaram acalmar e dissuadir um pequeno grupo mais exaltados que pretendiam invadir a prefeitura e chegaram a recolocar grades de protecção em frente do edifício, que foi apedrejado. A polícia usou spray de gás pimenta contra o grupo que tentava entrar.
O governo estadual informou que uma força de segurança esteve durante os protestos no interior da prefeitura e optou por não intervir porque isso “poderia prejudicar parte da maioria pacífica dos manifestantes” que desfilaram no centro histórico e na Avenida Paulista.
O clima manteve-se tenso e a violência acabou por irromper noutros pontos da cidade. Em ruas do centro manifestantes mascarados quebraram montras e foram vistas pessoas a levar electrodomésticos de lojas invadidas. Segundo aFolha de São Paulo foi também vandalizada uma agência bancária e um edifício da Polícia Militar que fica junto à prefeitura. Foi incendiado um carro da televisão Record e apedrejados carros de bombeiros que acorreram a apagar as chamas num painel do mundial de futebol. Durante o protesto foram comuns, segundo a Lusa, reclamações contra a imprensa, principalmente a TV Globo, que os manifestantes acusam de parcialidade.
A polícia, que se manteve durante muito tempo à margem da manifestação, aumentou o patrulhamento depois dos desacatos. A Secretaria da Segurança Pública refere as ocorrências da noite de terça-feira como “actos isolados”.
O jornal Estado de São Paulo – que quantifica as detenções em 47 e refere dois feridos - escreveu que uma das razões da deriva violenta do protesto foi a actuação dos Black Blocks, descritos como “tropa de choque anarquista”, desagradada com o cariz “classe média” que o protesto estava a ter.
Apesar das ocorrências, a violência no sexto protesto promovido na cidade contra o aumento do preço dos transportes esteve, segundo a Folha, longe da dimensão que atingiu na cidade na quinta-feira da semana passada, quando ficaram feridas mais de cem pessoas e foram detidas mais de 200.
Na noite de segunda-feira, mais de 200 mil pessoas protestaram em diferentes cidades do Brasil, em manifestações que combinam a contestação ao aumento dos transportes públicos com os gastos na organização do Campeonato do Mundo de futebol de 2014 , acusações de corrupção e descontentamento com a agenda política.
Na terça-feira à tarde, após uma reunião com representantes dos manifestantes, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), admitiu pela primeira vez a possibilidade de retirar o aumento nas passagens dos autocarros, segundo informações do jornal Folha de São Paulo. Cinco cidades brasileiras anunciaram a redução dos preços. Para a quinta-feira está marcado uma nova manifestação em São Paulo.
Em Belo Horizonte houve também protestos, que terminaram com actos de destruição de montras de lojas e bancos e acabaram com a intervenção da polícia de choque e 15 detenções.
No estrangeiro, na terça-feira, brasileiros manifestaram-se em cidades como Lisboa e Porto - com cerca de 300 pessoas em cada uma das cidades - Miami, Estados Unidos, Toronto, no Canadá, ou Cidade do México. Nova Iorque, Dublin, Berlim e Montreal também já assistiram a protestos.
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