Guerra civil na Síria já forçou deslocamento de um milhão de pessoas
"Até a semana passada, a estimativa é que um milhão de pessoas foram forçadas a fugir dentro do país desde o início do conflito", há 16 meses, disse a porta-voz do Acnur, Melissa Fleming.
Aliados de Assad impedem pela terceira vez que governo sírio seja punido pela repressão violenta contra rebeldes. Missão da ONU deve encerrar seus trabalhos, enquanto violência aumenta no país.A Rússia e a China vetaram nesta quinta-feira (19/07) a resolução do Conselho de Segurança da ONU no sentido de aumentar as ameaças de sanções contra o presidente da Síria, Bashar al Assad, caso suas tropas continuem empregando armas pesadas nos embates com os grupos rebeldes.Esta foi a terceira vez em nove meses que os dois países – dos cinco com poder de veto – impedem a aprovação de ações internacionais mais duras contra a aliada Síria, apesar do apoio de 11 dos 15 membros da comissão. África do Sul e Paquistão se abstiveram de votar.O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, ressaltou a decepção dos países da Comissão com o veto. "Lamentamos profundamente que este colegiado hoje não tenha desempenhado o papel para o qual foi criado", disse Grant. A resolução havia sido apresentada pelo Reino Unido e recebeu apoio imediato dos EUA, da França, da Alemanha e de Portugal."Nossa resolução era uma chance, talvez a última, de acabar com esse círculo vicioso de violência na Síria", declarou o embaixador alemão, Peter Wittig. "Está claro que a Rússia apenas quer dar mais tempo para o regime sírio esmagar a oposição", acusou o embaixador francês na ONU, Gérard Araud.China e Rússia também foram duramente criticadas pela organização de direitos humanos Human Rights Watch. "Seu indiferente descaso pela violência, evidente a partir de seus vetos, é inadequado para um membro permanente do Conselho de Segurança e pode fazer com que o grêmio se torne irrelevante em outros episódios."
Fugitivos sírios atravessam a fronteira libanesaIntervenção militarOs russos afirmam que os líderes ocidentais tentam justificar, com a resolução, uma intervenção militar na Síria. Segundo o embaixador russo Vitaly Tchurkin, a resolução busca "abrir caminho para a pressão de sanções e seguir com um envolvimento militar externo em questões domésticas sírias". Já o embaixador chinês, Li Baodong, disse que os países ocidentais têm sido "arrogantes e rígidos" nas negociações da resolução.A resolução permitiria ao Conselho autorizar sanções econômicas e diplomáticas e também intervenções militares.O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, confirmou que com o "fracasso" do Conselho, a missão dos observadores da ONU na Síria deve encerrar seus trabalhos nesta sexta-feira, quando chegam ao fim os 90 dias planejados inicialmente. À proposta de sanções havia sido somado um pedido para renovar por mais 45 dias a missão de paz. As atividades dos quase 300 observadores estavam suspensas desde o dia 16 de junho,devido ao agravamento da violência no país.Agora, em meio a crescentes questionamentos sobre o papel desempenhado pelo Conselho de Segurança da ONU no caso, os Estados Unidos querem buscar apoio junto a outros parceiros fora do Conselho, para confrontar Assad. Mais de 17 mil pessoas já morreram desde o início dos conflitos armados entre tropas leais a Assad e rebeldes, há 16 meses.Crescente violênciaNesta quinta-feira, canais de televisão mostraram imagens de Assad durante a posse do novo ministro de Defesa do país, Fahad Iassim Feraj, que substitui Daud Raiyha, morto no atentado da quarta-feira. Foi a primeira aparição pública do presidente sírio após o atentado suicida na sede do comando de segurança do país, em Damasco, que vitimou pelo menos três integrantes do regime Assad. Após o episódio, a repressão do governo contra os rebeldes se intensificou.
Bashar al Assad (e.) e seu novo ministro da Defesa, Fahad Iassim FerajSegundo forças de segurança libanesas, cerca de 20 mil sírios cruzaram a fronteira do país com o Líbano nas últimas 24 horas, tentando escapar da violência. Desde o início dos conflitos, o número de refugiados sírios no Líbano aumenta em cerca de 5 mil por dia.Nesta quinta-feira, os rebeldes afirmaram ter ocupado a região de cruzamento da fronteira com a Turquia e tomaram os prédios da alfândega e da imigração no norte da fronteira, além da principal via. Segundo autoridades iraquianas, eles também estariam com o controle da fronteira da Síria com o Iraque. Em Damasco, os rebeldes também atacaram o principal distrito policial."O regime está em seus últimos dias", declarou o chefe do Conselho Nacional Sírio, Abdel Basset Sayda, durante encontro com o ministro italiano do Exterior, Giulio Terzi. Ainda assim, Sayda afirmou que o veto no Conselho de Segurança pode ter "consequências desastrosas".MSB/rtr,dpa,afp,dapd
Revisão: Augusto Valente
Aliados de Assad impedem pela terceira vez que governo sírio seja punido pela repressão violenta contra rebeldes. Missão da ONU deve encerrar seus trabalhos, enquanto violência aumenta no país.
A Rússia e a China vetaram nesta quinta-feira (19/07) a resolução do Conselho de Segurança da ONU no sentido de aumentar as ameaças de sanções contra o presidente da Síria, Bashar al Assad, caso suas tropas continuem empregando armas pesadas nos embates com os grupos rebeldes.
Esta foi a terceira vez em nove meses que os dois países – dos cinco com poder de veto – impedem a aprovação de ações internacionais mais duras contra a aliada Síria, apesar do apoio de 11 dos 15 membros da comissão. África do Sul e Paquistão se abstiveram de votar.
O embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, ressaltou a decepção dos países da Comissão com o veto. "Lamentamos profundamente que este colegiado hoje não tenha desempenhado o papel para o qual foi criado", disse Grant. A resolução havia sido apresentada pelo Reino Unido e recebeu apoio imediato dos EUA, da França, da Alemanha e de Portugal.
"Nossa resolução era uma chance, talvez a última, de acabar com esse círculo vicioso de violência na Síria", declarou o embaixador alemão, Peter Wittig. "Está claro que a Rússia apenas quer dar mais tempo para o regime sírio esmagar a oposição", acusou o embaixador francês na ONU, Gérard Araud.
China e Rússia também foram duramente criticadas pela organização de direitos humanos Human Rights Watch. "Seu indiferente descaso pela violência, evidente a partir de seus vetos, é inadequado para um membro permanente do Conselho de Segurança e pode fazer com que o grêmio se torne irrelevante em outros episódios."

Fugitivos sírios atravessam a fronteira libanesa
Intervenção militar
Os russos afirmam que os líderes ocidentais tentam justificar, com a resolução, uma intervenção militar na Síria. Segundo o embaixador russo Vitaly Tchurkin, a resolução busca "abrir caminho para a pressão de sanções e seguir com um envolvimento militar externo em questões domésticas sírias". Já o embaixador chinês, Li Baodong, disse que os países ocidentais têm sido "arrogantes e rígidos" nas negociações da resolução.
A resolução permitiria ao Conselho autorizar sanções econômicas e diplomáticas e também intervenções militares.
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, confirmou que com o "fracasso" do Conselho, a missão dos observadores da ONU na Síria deve encerrar seus trabalhos nesta sexta-feira, quando chegam ao fim os 90 dias planejados inicialmente. À proposta de sanções havia sido somado um pedido para renovar por mais 45 dias a missão de paz. As atividades dos quase 300 observadores estavam suspensas desde o dia 16 de junho,devido ao agravamento da violência no país.
Agora, em meio a crescentes questionamentos sobre o papel desempenhado pelo Conselho de Segurança da ONU no caso, os Estados Unidos querem buscar apoio junto a outros parceiros fora do Conselho, para confrontar Assad. Mais de 17 mil pessoas já morreram desde o início dos conflitos armados entre tropas leais a Assad e rebeldes, há 16 meses.
Crescente violência
Nesta quinta-feira, canais de televisão mostraram imagens de Assad durante a posse do novo ministro de Defesa do país, Fahad Iassim Feraj, que substitui Daud Raiyha, morto no atentado da quarta-feira. Foi a primeira aparição pública do presidente sírio após o atentado suicida na sede do comando de segurança do país, em Damasco, que vitimou pelo menos três integrantes do regime Assad. Após o episódio, a repressão do governo contra os rebeldes se intensificou.

Bashar al Assad (e.) e seu novo ministro da Defesa, Fahad Iassim Feraj
Segundo forças de segurança libanesas, cerca de 20 mil sírios cruzaram a fronteira do país com o Líbano nas últimas 24 horas, tentando escapar da violência. Desde o início dos conflitos, o número de refugiados sírios no Líbano aumenta em cerca de 5 mil por dia.
Nesta quinta-feira, os rebeldes afirmaram ter ocupado a região de cruzamento da fronteira com a Turquia e tomaram os prédios da alfândega e da imigração no norte da fronteira, além da principal via. Segundo autoridades iraquianas, eles também estariam com o controle da fronteira da Síria com o Iraque. Em Damasco, os rebeldes também atacaram o principal distrito policial.
"O regime está em seus últimos dias", declarou o chefe do Conselho Nacional Sírio, Abdel Basset Sayda, durante encontro com o ministro italiano do Exterior, Giulio Terzi. Ainda assim, Sayda afirmou que o veto no Conselho de Segurança pode ter "consequências desastrosas".
MSB/rtr,dpa,afp,dapd
Revisão: Augusto Valente
Revisão: Augusto Valente
China e Rússia vetam sanções da ONU contra a Síria pela terceira vez
Pela terceira vez em nove meses, Rússia e China vetaram nesta quinta-feira a resolução do Conselho de Segurança da ONU que ameaçava as autoridades sírias com sanções caso não parassem de usar armas pesadas contra a oposição e não retirassem as tropas de vilarejos e cidades. A resolução teve 11 votos a favor, dois contra e duas abstenções.
A votação estava prevista inicialmente para esta quarta-feira, mas foi adiada para a manhã de hoje a pedido de Kofi Annan, negociador internacional para o conflito, que ainda esperava conseguir um acordo com Moscou.
O Conselho de Segurança da ONU tem cinco membros permanentes com poder de veto: Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido.
O representante do Reino Unido na ONU, Mark Lyall Grant, lamentou o veto da Rússia e China.
O embaixador do Brasil na Síria, Edgard Casciano, e funcionários da Embaixada do Brasil em Damasco deixaram a capital síria na manhã desta sexta-feira rumo a Beirute, capital do Líbano, por via terrestre.
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A retirada dos diplomatas ocorreu em meio a uma intensificação dos confrontos entre rebeldes e tropas leais ao governo do presidente Bashar al-Assad.
Por telefone, um diplomata contou que a estrada de Damasco até a fronteira estava razoavelmente segura nas primeiras horas da manhã.
"Não vimos movimentação de militares nem rebeldes. Chegamos à fronteira em segurança", disse. No momento que falava, o diplomata, que pediu para não ter seu nome revelado, disse que o grupo já estava em território libanês.
Segundo ele, o posto de fronteira da Síria com o Líbano que o comboio cruzou estava sob controle de forças do governo e repleto de sírios querendo deixar o país.
"Vi muitos cidadãos estrangeiros, inclusive diplomatas de outras embaixadas saindo da Síria para Líbano", contou.
Ontem, Casciano contou por telefone à BBC Brasil que a violência na capital síria havia se intensificado e que funcionários da Embaixada brasileira haviam sido orientados a não ir trabalhar na quinta-feira.
Ele disse que, a partir de quarta-feira, a capital passou a viver seus dias mais violentos desde o início da crise, há mais de um ano, com intensos tiroteios que deixaram as ruas completamente desertas.
"O perigo é real. É impossível pôr os pés na rua. É uma situação extremamente problemática", disse o embaixador. Ele contou que os tiroteios e explosões eram tão intensos na noite de quarta-feira que não conseguiu dormir.
"Helicópteros sobrevoavam constantemente e dava para ouvir muitas explosões que, pela intensidade, eram consequência de armas pesadas".
"AK-47"
Há quatro anos em Damasco, Casciano disse que a situação na capital é muito tensa e já não há garantias de segurança para as embaixadas estrangeiras no bairro.
Há quatro anos em Damasco, Casciano disse que a situação na capital é muito tensa e já não há garantias de segurança para as embaixadas estrangeiras no bairro.
"Até cogitamos que o governo brasileiro enviasse agentes de segurança para proteger a Embaixada. Mas com o aeroporto fechado, a ideia foi deixada de lado".
O embaixador também falou que os combates respingaram em seu bairro na capital, com balas perdidas atingindo a vizinhança e até a sua casa.
"Uns dias atrás, eu achei balas de rifles AK-47 em meu jardim. Ninguém está seguro na cidade", afirmou.
A ofensiva do Exército Livre da Síria (ELS) contra tropas leais ao governo em Damasco começou no domingo e já entrou em seu sexto dia. Vários bairros nos subúrbios ao sul da capital já foram tomados por rebeldes.
Na quarta-feira, um atentado suicida matou o ministro de Defesa, seu vice e o cunhado do presidente Bashar al-Assad. O paradeiro do líder sírio ainda é desconhecido, já que ele não fez nenhuma aparição pública desde o atentado ao quartel-general das forças de segurança do país.
O governo vem mobilizando mais tanques e tropas em direção à capital e, segundo analistas, antecede uma grande batalha pela cidade.
De acordo com a ONU, mais de 16 mil pessoas já morreram no país desde o início da revolta, há mais de um ano, que exige a renúncia do presidente Bashar al-Assad.
Brasileiros
Casciano disse ser difícil prever atualmente o número de brasileiros no país, pois vários deles já deixaram a Síria sem informar a representação em Damasco.
Casciano disse ser difícil prever atualmente o número de brasileiros no país, pois vários deles já deixaram a Síria sem informar a representação em Damasco.
"Quase todos têm também a nacionalidade síria e não expressavam o desejo de sair do país. Mas com o agravamento da situação, vários saíram da Síria sem avisar. Alguns foram para Beirute capital do Líbano , outros voltaram ao Brasil", afirmou.
Segundo ele, a maioria dos brasileiros registrados são da região de Damasco, mas há uma comunidade na região de Latakia e Tartous, na costa da Síria, reduto de alauítas (grupo muçulmano sunita ao qual pertence Assad) e cristãos.
"Naquela região da costa, a situação é bem menos tensa, com poucos combates entre rebeldes e governo. Então não fomos contatados ainda por brasileiros".
Em contrapartida, o setor consular da embaixada vinha registrando um grande aumento no pedido de visto de turista por parte de cidadãos sírios.
"Muitos têm parentes no Brasil e desejam sair do país momentaneamente". Segundo o embaixador, o atual clima seria de "guerra aberta" na Síria. "A guerra em Damasco os deixou extremamente apavorados", afirmou.
O general Hisham Ijtiar, chefe da Segurança Nacional síria, morreu nesta sexta-feira (20) em consequência dos ferimentos sofridos no atentado da última quarta (18). A informação foi confirmada pela rede de televisão estatal.
Ijtiar havia sido ferido em um ataque a bomba em Damasco no qual outras três autoridades sírias morreram --o ministro da Defesa, o general Daoud Rajha, o cunhado do presidente sírio Bashar al-Assad, Assef Shawkat, e o general Hassan Turkmeni, chefe da célula de crise do regime na revolta. A ação foi reivindicada pelo opositor Exército Sírio Livre
Ijtiar havia sido ferido em um ataque a bomba em Damasco no qual outras três autoridades sírias morreram --o ministro da Defesa, o general Daoud Rajha, o cunhado do presidente sírio Bashar al-Assad, Assef Shawkat, e o general Hassan Turkmeni, chefe da célula de crise do regime na revolta. A ação foi reivindicada pelo opositor Exército Sírio Livre

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