Pesquisadores da expansão do universo ganham Nobel de Física
04 de outubro de 2011 • 10h48
A Real Academia Sueca de Ciências concedeu nesta terça-feira o Nobel de Física a três astrônomos que revolucionaram as ideias sobre o universo ao descobrir que ele se expande de forma acelerada, ao contrário do que se pensava anteriormente.
Esta descoberta foi apresentada ao mesmo tempo em 1998 por duas equipes de cientistas americanos: uma delas era liderada por Saul Perlmutter, e a outra por Brian P. Schmidt, com participação de destaque de Adam G. Riess.
Perlmutter levará a metade do prêmio de 10 milhões de coroas suecas (US$ 1,5 milhão), enquanto seus dois colegas repartirão a outra metade.
A partir da teoria da relatividade de Einstein, diferentes astrônomos demonstraram com observações realizadas na década de 1920 que o universo estava em expansão, o que mais tarde se concretizou na teoria do Big Bang, que explica a origem do cosmos a partir de uma grande explosão.
A aparição de telescópios mais sofisticados no início da década de 1990, assim como computadores mais potentes e novos sensores digitais de imagem abriram a possibilidade de desvendar mais detalhes sobre o enigma do universo.
Perlmutter foi o primeiro a iniciar uma equipe de pesquisa em 1988 na Universidade da Califórnia, com o Supernova Cosmology Project; enquanto Schmidt, de origem australiana, iniciou sua pesquisa seis anos depois na Universidade de Harvard com o High-z Supernova Search Team.
As duas equipes iniciaram então seus trabalhos para tentar demonstrar que a expansão do universo estava se desacelerando.
Para isso, decidiram localizar as mais distantes supernovas (estrelas em explosão), e utilizaram as do tipo "Ia", resultado da explosão de uma anã branca, que já completou seu ciclo de vida e é tão pesada quanto o Sol, mas tão pequena quanto a Terra.
Os astrônomos das duas equipes começaram a analisar o universo na busca de supernovas distantes, usando como método a comparação de imagens de um mesmo pedaço do espaço, registradas com três semanas de diferença, já que as explosões destas estrelas são violentas, mas breves.
Depois comparavam as duas imagens na busca de algum ponto de luz que pudesse ser um sinal de uma supernova em uma galáxia distante.
A falta de confiabilidade nas supernovas "Ia", as interferências na luz provocadas pelo pó cósmico e o árduo trabalho de encontrar o tipo adequado de estrelas, medir seu brilho e analisar sua curva de luz exigiu um enorme trabalho e envolveu um grande número de cientistas.
No final, as duas equipes conseguiram encontrar 50 supernovas válidas para a pesquisa, mas o resultado foi diferente do esperado: sua luz era mais fraca, sinal de que estavam sendo transportadas para mais longe; ou seja, a expansão do universo estava se acelerando, e não o contrário.
Acredita-se que esta aceleração seja provocada pela energia escura, que apresentava apenas uma pequena parte do início do universo, mas atualmente constitui mais de 70% dele, e continua sendo um enigma para a ciência.
Perlmutter, Schmidt e Riess sucedem no Nobel de Física os pesquisadores de origem russa Andre Geim e Konstantin Novoselov, agraciados com o prêmio no ano passado por isolar o grafeno, um material bidimensional de carbono com propriedades únicas e múltiplas aplicações.
O anúncio do Nobel de Física é posterior ao de Medicina, feito na segunda-feira, e precede o de Química, que será realizado na quarta. Nos próximos dias também serão conhecidos os premiados com o Nobel de Literatura, Paz e Economia.
fonte:http://noticias.terra.com.br/noticias/0,,OI5392482-EI188,00-Pesquisadores+da+expansao+do+universo+ganham+Nobel+de+Fisica.html
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