Brasília - A ameaça começou a ser rastreada duas semanas atrás, depois que o suspeito de terrorismo Ahmed Sidiqi resolveu abrir a boca e contou às autoridades de inteligência dos Estados Unidos tudo o que sabia. Osama bin Laden, líder da rede Al-Qaeda, teria dado o aval para uma operação de jihad (guerra santa) simultânea e devastadora na Europa. Sidiqi revelou que comandos de militantes islâmicos espalhariam a morte e o medo em Londres e nas principais cidades da França e da Alemanha (leia o quadro nesta página).
Com base nas informações do preso, o serviço secreto norte-americano interceptou os mentores da conspiração. A rede de TV Sky News divulgou que o plano atingira um estado "avançado, mas não iminente". "O complô era embrionário", admitiu à agência Associated Press uma autoridade britânica, sob a condição de anonimato. "Esse (plano) nos preocupou mais que os outros das últimas semanas - e ainda está ativo." A descoberta coincidiu com duas ameaças de bomba contra a Torre Eiffel neste mês e com a intensificação de ataques aéreos não tripulados dos Estados Unidos no Paquistão. No último sábado, bombardeios realizados por aviões espiões Predator mataram Sheikh Fateh Al-Masri, líder da Al-Qaeda no Afeganistão e no Paquistão, e alguns dos ideólogos da conspiração.
De acordo com Magnus Ranstorp, especialista em terrorismo do Colégio de Defesa Nacional Sueca, o complô está ligado diretamente ao núcleo da Al-Qaeda no Waziristão do Norte. A região montanhosa, situada no noroeste do Paquistão, serviria de guarida a Bin Laden e a centenas de extremistas. "A organização tem estado sob pressão para produzir um ataque, já que o último ocorrera em Londres, em 7 de julho de 2005", afirma o analista, em entrevista por e-mail.
O planejamento do atentado ilustraria a complexidade do perigo enfrentado pela Europa. Ranstorp lembra que diferentes países do Velho Continente mantêm preocupações em relação aos radicais muçulmanos. "A França é ameaçada pela Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQIM), baseada no norte da África, após proibir as burcas; e a Alemanha tem um problema especial com cerca de 200 indivíduos que viajaram para campos de treinamento terrorista na fronteira afegã-paquistanesa - 80 deles receberam instruções de grupos filiados à Al-Qaeda no Waziristão", alerta.
Arena de batalha - Segundo ele, Berlim também seria alvo em potencial por ter cedido soldados para a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), baseada no Afeganistão. Por sua vez, o serviço secreto britânico MI-5 tem alertado sobre o risco representado pela facção somali Al-Shaabab, presente no Reino Unido. Ranstorp crê que a Europa sempre será uma arena de batalha para o terrorismo internacional. "O continente fornece alvos fáceis e pode dividir a sociedade, levando-a à polarização."
O britânico MJ Gohel, expert em terrorismo pela Asia Pacific Foundation (em Londres), explica que a preocupação é que um grupo de extremistas lance ataques simultâneos em várias cidades de diferentes países, usando apenas granadas e metralhadoras. De acordo com ele, após o atentado em Mumbai, a inteligência ocidental obteve acesso a dados de computadores apreendidos de um grupo islâmico paquistanês, nos quais apareciam listados alvos em potencial.
"O Reino Unido e os EUA fizeram repetidos apelos aos militares paquistaneses para que desmantelassem os campos de treinamento, por meio de ofensivas terrestres. Mas o Exército de Islamabad fracassou", explica Gohel. Ante a inércio do governo do presidente Asif Ali Zardari, os Estados Unidos dobraram os ataques com aviões não tripulados.
fonte:diario de pernambuco.
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